A Antártida possui 98% de sua área coberta por uma camada de gelo, com espessura média de 2 quilômetros e volume de 30 milhões de quilômetros cúbicos. Essa camada contém cerca de 70% das reservas de água doce do planeta e tem uma importante função no sistema climático global, pois reflete parte da radiação solar que chega à Terra, evitando o aquecimento excessivo da superfície. Além disso, a camada de gelo protege as geleiras continentais, que são formadas por água doce acumulada ao longo de milhares de anos. Se todo o gelo da Antártida derretesse, o nível do mar subiria cerca de 60 metros, inundando diversas áreas costeiras e ilhas pelo mundo.
O Gelo Marinho da Antártica atingiu em 2023 a menor extensão máxima anual |
O gelo marinho é formado pela água salgada do oceano que congela nas regiões polares. Ele se expande no inverno e se retrai no verão, seguindo um ciclo sazonal. O gelo marinho tem uma importante função no sistema climático. Além disso, o gelo marinho protege as costas da Antártica das ondas e do vento, que podem erodir e desestabilizar as geleiras continentais, que são formadas por água doce acumulada ao longo de milhares de anos.
Segundo o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), o gelo marinho da Antártica atingiu em 10 de setembro de 2023 a menor extensão máxima anual desde que os registros por satélite começaram em 1979. A área coberta pelo gelo marinho foi de 16,96 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior, em 1986. Essa redução expressiva do gelo marinho pode estar relacionada ao aquecimento da camada superior do oceano, provocado principalmente pelos gases causadores do efeito estufa.
A diminuição do gelo marinho na Antártica traz vários riscos para o meio ambiente e para a vida humana. Um dos riscos é o aumento do nível do mar, que pode ocorrer se as geleiras continentais se derreterem mais rapidamente devido à exposição ao calor e à pressão das águas. O derretimento das geleiras continentais contribui para o nível do mar porque elas contêm água que não fazia parte do ciclo hidrológico. Estima-se que se todo o gelo da Antártica derretesse, o nível do mar subiria cerca de 60 metros, inundando diversas áreas costeiras e ilhas pelo mundo.
Outro risco é a perda de biodiversidade, especialmente dos animais que dependem do gelo marinho para se alimentar, se reproduzir e se proteger dos predadores. Um exemplo são os pinguins, que usam o gelo marinho como plataforma para caçar peixes e krill, e como ninho para criar seus filhotes. Com menos gelo marinho disponível, os pinguins podem ter dificuldade para encontrar comida e abrigo, além de enfrentar mais competição e ameaças de outras espécies. Um estudo recente mostrou que uma colônia de penguins-imperadores na Antártica perdeu quase todos os seus filhotes nos últimos três anos devido ao derretimento precoce do gelo.
Colônias de Pinguins tem diminuído na Antártica |
As possíveis consequências da baixa histórica de gelo marinho na Antártica são incertas e dependem de vários fatores, como a intensidade e a frequência das mudanças climáticas, a capacidade de adaptação dos ecossistemas e a ação humana para mitigar os impactos. No entanto, é provável que se o gelo marinho continuar diminuindo nos próximos anos, haverá um desequilíbrio no clima global, uma redução da diversidade biológica e uma ameaça à segurança e ao bem-estar das populações costeiras. Por isso, é fundamental que sejam tomadas medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e preservar as regiões polares, que são essenciais para a saúde do planeta.
O nível do mar subiria cerca de 60 metros se todo o gelo da Antártica derretesse |
A Antártida não possui população humana permanente, apenas bases
científicas e militares de cerca de 30 países que realizam pesquisas e
investigações na região. A Antártida é considerada um patrimônio da
humanidade e está sob um regime de cooperação internacional estabelecido
pelo Tratado da Antártida, assinado em 1959 por 12 países, incluindo o
Brasil. O tratado determina que a Antártida seja usada para fins
pacíficos, para cooperação internacional na pesquisa científica e para
proteção do meio ambiente. O tratado proíbe qualquer atividade
relacionada aos recursos minerais antárticos, exceto para pesquisa
científica.
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