quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O Gelo Marinho da Antártica atinge baixa histórica

    A Antártida possui 98% de sua área coberta por uma camada de gelo, com espessura média de 2 quilômetros e volume de 30 milhões de quilômetros cúbicos. Essa camada contém cerca de 70% das reservas de água doce do planeta e tem uma importante função no sistema climático global, pois reflete parte da radiação solar que chega à Terra, evitando o aquecimento excessivo da superfície. Além disso, a camada de gelo protege as geleiras continentais, que são formadas por água doce acumulada ao longo de milhares de anos. Se todo o gelo da Antártida derretesse, o nível do mar subiria cerca de 60 metros, inundando diversas áreas costeiras e ilhas pelo mundo.

O Gelo Marinho da Antártica atingiu em 2023 a menor extensão máxima anual

    O gelo marinho é formado pela água salgada do oceano que congela nas regiões polares. Ele se expande no inverno e se retrai no verão, seguindo um ciclo sazonal. O gelo marinho tem uma importante função no sistema climático. Além disso, o gelo marinho protege as costas da Antártica das ondas e do vento, que podem erodir e desestabilizar as geleiras continentais, que são formadas por água doce acumulada ao longo de milhares de anos.

    Segundo o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC), o gelo marinho da Antártica atingiu em 10 de setembro de 2023 a menor extensão máxima anual desde que os registros por satélite começaram em 1979. A área coberta pelo gelo marinho foi de 16,96 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados a menos do que o recorde anterior, em 1986. Essa redução expressiva do gelo marinho pode estar relacionada ao aquecimento da camada superior do oceano, provocado principalmente pelos gases causadores do efeito estufa.

    A diminuição do gelo marinho na Antártica traz vários riscos para o meio ambiente e para a vida humana. Um dos riscos é o aumento do nível do mar, que pode ocorrer se as geleiras continentais se derreterem mais rapidamente devido à exposição ao calor e à pressão das águas. O derretimento das geleiras continentais contribui para o nível do mar porque elas contêm água que não fazia parte do ciclo hidrológico. Estima-se que se todo o gelo da Antártica derretesse, o nível do mar subiria cerca de 60 metros, inundando diversas áreas costeiras e ilhas pelo mundo.

    Outro risco é a perda de biodiversidade, especialmente dos animais que dependem do gelo marinho para se alimentar, se reproduzir e se proteger dos predadores. Um exemplo são os pinguins, que usam o gelo marinho como plataforma para caçar peixes e krill, e como ninho para criar seus filhotes. Com menos gelo marinho disponível, os pinguins podem ter dificuldade para encontrar comida e abrigo, além de enfrentar mais competição e ameaças de outras espécies. Um estudo recente mostrou que uma colônia de penguins-imperadores na Antártica perdeu quase todos os seus filhotes nos últimos três anos devido ao derretimento precoce do gelo.

Colônias de Pinguins tem diminuído na Antártica

    As possíveis consequências da baixa histórica de gelo marinho na Antártica são incertas e dependem de vários fatores, como a intensidade e a frequência das mudanças climáticas, a capacidade de adaptação dos ecossistemas e a ação humana para mitigar os impactos. No entanto, é provável que se o gelo marinho continuar diminuindo nos próximos anos, haverá um desequilíbrio no clima global, uma redução da diversidade biológica e uma ameaça à segurança e ao bem-estar das populações costeiras. Por isso, é fundamental que sejam tomadas medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e preservar as regiões polares, que são essenciais para a saúde do planeta.

O nível do mar subiria cerca de 60 metros se todo o gelo da Antártica derretesse

    A Antártida não possui população humana permanente, apenas bases científicas e militares de cerca de 30 países que realizam pesquisas e investigações na região. A Antártida é considerada um patrimônio da humanidade e está sob um regime de cooperação internacional estabelecido pelo Tratado da Antártida, assinado em 1959 por 12 países, incluindo o Brasil. O tratado determina que a Antártida seja usada para fins pacíficos, para cooperação internacional na pesquisa científica e para proteção do meio ambiente. O tratado proíbe qualquer atividade relacionada aos recursos minerais antárticos, exceto para pesquisa científica.

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